A propósito do nosso 184º CAFÉ FILOSÓFICO uma das participantes fez-nos chegar este comentário/síntese que aqui “colamos”.
Café filosófico: Aparência e realidade 15/10/2013
Foi a primeira vez que participei de um café filosófico no e-Learning. Foi também o primeiro café filosófico de minha vida. Apesar dos poucos conhecimentos da filosofia, decidi arriscar, movida pela curiosidade e vontade de aprender mais sobre a existência humana. O tema foi bastante complexo e filosófico, possível de ser analisado em diferentes perspectivas.
O ponto de partida seria questionarmos: É possível acessar a realidade?
Eu diria que do ponto de vista existencial, enquanto ser humano, o acesso à realidade ocorre na medida em que vivemos a realidade, através de todos os nossos sentidos. Porém, para perceber a realidade é preciso compreendê-la e para compreendê-la é preciso interpretá-la.
Eis aí a presença da subjetividade que me permite elaborar representações acerca da relação sujeito/realidade/objeto do conhecimento e que poderá nos colocar em uma dupla direção: aparência e/ou realidade.
O conhecimento é, pois, o primeiro instrumento para conhecer/acessar a realidade, porém de forma parcial, fragmentada, ressignificada e subjetiva.
No entanto a realidade é concreta, real e existencial. É uma totalidade.
A aparência é subjetiva, mas pode ser parte da realidade, e pode também ser uma porta de acesso à realidade. Porém a aparência nem sempre corresponde ao real. Eu diria que na maioria das vezes, por constituir-se em uma representação mental e em uma interpretação da realidade, a aparência possui elementos reais e imaginários, concretos e abstratos, objetivos e subjetivos.
Para acessarmos a realidade se faz necessário estabelecermos critérios e instrumentos, entre eles: a verdade, o conhecimento, as sinapses e os sentidos, na busca da essência, para além da aparência.
Pensar filosoficamente é uma das formas de acessar a realidade, porém o mais concreto é vivê-la, muitas vezes sem ao menos nos darmos conta de que na realidade reside a possibilidade de existir, de ser e de estar no mundo: físico ou metafísico, no macro ou no microcosmo, de forma real ou imaginária; o que nos remete a uma questão ainda mais complexa e existencial:
Ser ou não ser? Eis a questão.
Ou uma afirmação: Penso, logo existo!
A busca do conhecimento é uma das chaves de acesso à realidade e a consciência de sua concretude é uma das respostas (mas não a única) a todas as questões anteriores.
O café filosófico teve para mim este sentido: Aprendi a questionar e a refletir sobre um tema tão complexo de forma coletiva, com respeito ao conhecimento e às limitações do outro e o desejo de juntos encontrarmos respostas, ou novas perguntas, que nos permitem caminhar alguns passos em direção à realidade e recomeçarmos um novo ciclo na busca da construção do conhecimento.
Recomendo a todos que participem, mesmo sabendo de suas limitações no campo da filosofia, assim como eu, mas com a coragem de aprender e de ensinar. Afinal, nenhum de nós tem a chave para decifrar os mistérios da vida ou para conhecer a realidade em sua totalidade.
Parabéns ao Tiago Sousa (moderador) pela sensibilidade e competência na moderação do debate.
Parabéns ao grupo pela convivência respeitosa e pela rigorosidade metódica que nos permitiu pensar filosoficamente e coletivamente.
Obrigada à coordenação do e-Learning por nos proporcionar este momento de reflexão coletiva.
Até o próximo café filosófico e obrigada a todos pelo acolhimento.
Ana Sotero – Doutoranda em Ciências da Educação – FPCEUP